sábado, 26 de junho de 2010

Estádio

Que idéia horrível essa minha de ter ido ao jogo no estádio. Era mais fácil e tranquilo ter assistido pela TV, mas eu prometi ao Lucas e o Eduardo ... agora paciência. A fila da bilheteria andou em ritmo de tartaruga. "Ingresso agora, aproveite, pode esgotar ..." dizia um cambista. Como eles são sacanas, compram por um preço e em volume, e depois metem o dobro ou mais.

Fiquei encarregado de comprar o ingresso enquanto o Eduardo ficou o mais próximo do portão de entrada do estádio para guardar lugar. Será que isso existe?? Guardar lugar na arquibancada?? Bom, não custa tentar. O combinado é que eu ficaria encarregado dos ingressos e o Lucas ia nos garantir comida e cerveja. Não precisa achar injusto, já fiz isso várias vezes e dessa vez, é que finalmente fiquei com a parte menos ... vamos dizer ... leve. Na hora que o portão principal abriu, foi aquela caça ao melhor lugar. Como o Lucas driblou os seguranças para chegar à arquibancada antes com nossos "mantimentos" ainda é um mistério.

O casal do lado, se empolgava com os passes e despasses, faltas, impedimentos e tantas outras emoções que nos fazem descarregar a energia em um estádio de futebol. Mas, ela em especial chamava a atenção. Um sorriso meigo, sacana, e ao mesmo tempo avisando que o dono dela estava ao lado. Seu corpo, parecia esculpido por um artista que só compararia à um deus. Seus olhos azuis, a pele morena, um sorriso revelando os tratados dentes brancos. Aparentava ter uns 30 anos e houve um momento em que ela ficou sozinha. Tive impressão que o marido foi tirar um pouco daquela bebida que não parava de sorver.

Goooooooollllll!!!! Uma explosão sonora por todo canto. Ela me abraçou, empolgada e não parecendo lembrar de que eu era um estranho e um homem. Foi o suficiente para me empolgar com o perfume dela, já misturado ao suor e calor daquela tarde. Como uma filmagem quadro a quadro, em slow motion, aqueles segundos pareciam uma enormidade. Ela me soltou e continou vibrando com bola que tinha acabado de fazer aquilo tudo acontecer. O marido chegou, vibrando também, acabou me abraçando sem imaginar o sentimento que ela me despertou.

A partida terminou e fomos saindo do estádio. Coincidência ou aquelas coisas do destino?? Tinham estacionado a 2 carros do nosso. Eduardo e Lucas me olharam com aquele sorriso de quem sabe o que acontece quando uma mulher encantadora nos marca, nem que seja em segundos. O carro deles se foi e eu discretamente fui à sua vaga. Porque? Não sei. Tem coisas que você simplesmente faz. Sem lógica. Fiquei imaginando, encima do espaço vazio até então ocupado pelo carro dela, que aquela mulher fantástica estava aqui a pouco. Entre piadas e xingamentos para ir embora, nesse momento "no sense" acabei indo em direção a eles, mas sem antes deixar de notar no chão um papel rosa. Olhei algo escrito e parecia um nome, mas mais um username ou login. Seria um recado?

Fomos para o meu apartamento, tomamos mais algumas cervejas e depois cada um tomou seu destino. Fiz questão de pagar um táxi para meus amigos que moravam em outro ponto da cidade, mas na mesma rua. Não seria nada prudente dirigir. Com tanto álcool na cabeça, adormeci imediatamente naquela perdida noite de sábado. Acabei acordando de madrugada. Sem sono, liguei meu notebook e entrei no email, aproveitei para atualizar as notícias e entrei no meu MSN. Por mais interessantes que fossem os assuntos, aquela mulher não saía de minha mente. Olhei aquele pedaço de papel rosa novamente, foi quando comecei a teclar com uma amiga minha. Estávamos com insônia.

Nesse momento pensei: será que aquele nome escrito no papel não seria um endereço digital? Sei lá .. tentei. Mas o que viria depois do marta_cipr? Tentei pelo óbvio e digitei "@hotmail.com". Seria muita sorte se ela estivesse on line. Escrevi no convite para adicioná-la: "Aquele foi o melhor gol de minha vida. Vai saber quem sou." Fiquei mais uma hora navegando, mas nada aconteceu. Depois liguei a tv e fiquei assistindo à alguns vídeos que tinha baixado.O sofá começou a ficar confortável e adormeci.

Já eram 10h da manhã, quando o som característico do MSN mostrou que alguém estava escrevendo algo. Tinha deixado o notebook ligado. Fui correndo na expectativa de que fosse ela. Mas era Eduardo combinando algo para domingo à tarde. Ficou acertado que iríamos na casa de um amigo nosso que pediu que passasse o recado do convite ao churrasco. Confirmei e vi que estava na hora de me arrumar, já que combinamos de nos encontrar as 11h30.

Cliquei em "iniciar", "desligar", e quando ele estava começando a sair do windows vi o contato do MSN piscar e parecia alguém que começava com "mar...". Era ela. Não dava mais tempo para voltar atrás. Tentei impedir o desligamento, pelo menos digitar que eu voltaria. E lá se foi esse contato inicial. Apenas a tela negra. Liguei o mais rapidamente que pude. Cliquei 2 vezes o ícone do MSN e mas ele estava com problema de conexão. Não haviam xingamentos suficientes para definir meu sentimento. Vou tentar de novo a noite.

Um comentário:

  1. Showwww Claus! Lindo conto, daqueles que tu entra na história e quer ver logo o final...Com certeza deverá ter continuação rss. Parabéns por mais esta produção!!

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